
O acesso das pequenas e médias empresas ao mercado de capitais sempre foi um desafio. Não porque elas não quisessem participar, mas porque o modelo tradicional de listagem e captação foi estruturado para companhias de grande porte, com custos mais altos, processos e exigências que, na prática, não se ajustam à realidade da maioria das PMEs.
Esse descompasso criou um cenário no qual muitas empresas simplesmente não viam o mercado como uma opção viável.
Diante disso, surge uma pergunta inevitável: o que acontece quando a PME tem interesse em acessar o mercado, mas não dispõe dos recursos ou da estrutura exigida pelo regime tradicional? Ela deve desistir dessa possibilidade?
A resposta é não, especialmente agora, quando um novo caminho começa a se abrir.
E foi sobre esse novo panorama que o BEE4 Summit abordou no último dia 2 de dezembro, em São Paulo. Diante de uma platéia atenta de cerca de 200 pessoas, o evento reuniu autoridades públicas, instituições financeiras, especialistas, empresários e empreendedores para discutir as oportunidades abertas pelo Regime FÁCIL da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entra em vigor em março de 2026.
Entre os temas relevantes da tarde, esteve o painel com participação do BNDES abordando a ancoragem de ofertas públicas de pequenas e médias empresas brasileiras.
“O BNDES entra onde poucos fomentadores do mercado entram, estamos onde o grande mercado não está. Entendemos que este mercado tem que ter apoio. Desde 2006, 70% das empresas apoiadas pelo BNDES são de médio porte. Ajudamos o país a encontrar seu rumo no mercado financeiro”, disse Alexandre Abreu, diretor financeiro e de mercado de capitais do BNDES.
O papel do BNDES no desenvolvimento do mercado de acesso
O BNDES, patrocinador do BEE4 Summit na categoria Diamante, destacou como a atuação coordenada entre agentes públicos e privados é fundamental para consolidar o financiamento às PMEs. O banco ressaltou que investir nas empresas é uma forma de ampliar a capilaridade de seus recursos e cumprir sua missão de fomentar o desenvolvimento econômico do país.
“Ter um mercado desenvolvido facilita a chegada de novos investidores. E trazer mais empresas para o mercado vira um círculo virtuoso”, disse o chefe do departamento de Mercado de Capitais do BNDES, Guilherme Bethlem, durante o painel “O papel da ancoragem institucional no desenvolvimento do mercado de acesso”.
Assim, a estratégia de entrar no mercado de acesso é como um validador para todo o ecossistema: o banco movimenta o mercado e gera confiança nos investidores. “A participação do banco no mercado de acesso para PMEs também vem do arcabouço normativo e de diligência que precisamos para fazer um novo investimento”, disse Bethlem.
Regime FÁCIL: um catalisador para ampliação de acesso ao mercado
A nova regulamentação da CVM simplifica o processo para que empresas com faturamento de até R$ 500 milhões por ano obtenham registro de companhia aberta e acessem instrumentos de dívida e ações. Para Rodrigo Fiszman, cofundador e chairman da BEE4, o impacto será transformacional:
“O Regime FÁCIL vai ampliar o acesso ao capital para PMEs, viabilizando modalidades de dívida e ações que antes não estavam ao alcance delas.”
O acesso das PMEs ao mercado de capitais já é uma realidade há algum tempo na BEE4. Foi no Sandbox Regulatório da CVM que a BEE4 propôs inovações regulatórias que permitiram antecipar parte das práticas que agora começam a chegar ao mercado por meio do Regime FÁCIL.
E, o que virá pela frente com a nova regulação, disse Rodrigo no evento, vai dar início a um ciclo virtuoso de crescimento. Quem ganha? Toda a economia brasileira.
A nova era do mercado de acesso
Durante o Summit, Patricia Stille, CEO da BEE4, destacou que o país atravessa um ponto de inflexão: “Somos uma infraestrutura feita de empresários para empresários. Vamos fortalecer esse ambiente, ampliar oportunidades e apoiar os empresários que querem crescer e necessitam de capital.”
Essa articulação é central para consolidar o mercado de acesso como um pilar ao crédito, criando condições para que as PMEs acessem capital de longo prazo, ampliem governança e avancem em suas trajetórias de crescimento.
Debates e visões sobre o futuro
O evento também trouxe nomes como Pedro Malan, ex-Ministro da Fazenda, autoridades do BNDES e da CVM, além de representantes do Itaú BBA, IFC e líderes do mercado. As discussões reforçaram a importância da colaboração para que o Brasil aproveite as oportunidades que se abrem.
Malan observou: “O Brasil avançou ao adotar um regime regulatório mais simples, com diálogo construtivo com a CVM, o que facilita o acesso ao capital. Somos um país de oportunidades enormes, e o empreendedorismo brasileiro tem urgência.”
Malan ainda complementou: “A melhor forma de começar alguma coisa é começando bem, e a BEE4 começou bem, lá atrás.”
Rota FÁCIL: as 15 empresas finalistas que vão para o reality show
Um dos pontos altos do evento foi o anúncio das 15 empresas finalistas da primeira edição do Rota FÁCIL — iniciativa inédita da BEE4 que irá subsidiar a listagem e preparar 10 PMEs como companhias abertas.
As finalistas participarão de um reality show que terá os seguintes jurados: por Renata Vichi (ex-CEO do Grupo CRM, dona das marcas Kopenhagen, Brasil Cacau e Kop Koffee), o educador financeiro Gustavo Cerbasi, Luciana Wodzik (ex-CEO da Arezzo&Co) e Rogério Salume (fundador da Wine). A produção e a transmissão serão realizadas pela BM&C News em fevereiro.
As 15 empresas que concorrem nesta etapa do Rota FÁCIL são:
- Santa Angela: construtora e incorporadora com foco nas cidades de Jundiaí, Itatiba e Americana (SP);
- Stoque: além de automação de documentos e processos, a empresa oferece serviços e plataformas, como gestão de conteúdo e de tarefas, formalização de crédito, onboarding para funcionários e clientes;
- Escad: empresa de aluguel de maquinários pesados para construção civil, infraestrutura, agricultura, mineração e indústria;
- Vapza Alimentos: produz alimentos cozidos a vapor e embalados a vácuo, como grãos, carnes, tubérculos, carnes e refeições;
- Habitare: imobiliária com forte presença nas cidades de Ibirité, Sarzedo e na região de Barreiro, em Belo Horizonte (MG);
- Arrazantty: fabricante de roupas fitness para Track & Field, C&A, Lupo, Mizuno, Asics, Renner, Grupo Soma, Farm, Centauro, Havan, Pernambucanas, Riachuelo;
- Vellore: tem sede em Pinhais (PR), está presente nos segmentos de iluminação, ferramentas e materiais elétricos, totalizando 650 produtos;
- Plastiflour: produz e comercializa produtos para vedação de equipamentos;
- Safer: plataforma de mobilidade, que atua em grandes centros como operadora oficial em aeroportos;
- Grupo RÃO: ecossistema de franquias de delivery que opera um portfólio diversificado de marcas de alimentação;
- 3E: empresa de serviços de energia que oferece usinas solares, armazenamento por baterias, mobilidade elétrica e iluminação pública inteligente;
- GBI Combustível: rede regional de postos de combustível com sede em Bagé e 14 unidades no Rio Grande do Sul;
- Witte: hub tecnológico de consultoria em Customer Experience e comunicações unificadas;
- G-lux: desenvolve projetos de arquitetura, engenharia e consultoria técnica. Tem sede em Salvador (BA);
- Tuttors: atua no mercado de investimentos, câmbio, consultoria, consórcios, seguros e crédito estruturado. Tem foco em pessoas físicas, alta renda, empresas e no setor de agronegócios.
O futuro do mercado de acesso
Por fim, o Summit deixou claro: a transformação do mercado de acesso depende da construção de pontes entre reguladores, investidores, instituições e principalmente as PMEs que desejam crescer. E a BEE4 já está liderando esse processo.
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